Violência nas escolas tem origem na família
Especialistas em educação defenderam esta sexta-feira que o aumento da violência escolar se deve em parte a uma crise de autoridade familiar, onde os pais renunciam a impor disciplina aos filhos, remetendo-a para os professores.
Vários especialistas internacionais estão reunidos na cidade espanhola de Valência a analisar até sábado o assunto «Família e Escola: um espaço de convivência».
Os participantes no encontro, dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas, o que obriga a «um esforço conjunto da sociedade», refere a agência Lusa.
«As crianças não encontram em casa a figura de autoridade», um elemento fundamental para o seu crescimento, disse na conferência inaugural do congresso o filósofo Fernando Savater.
«As famílias não são o que eram antes, um núcleo muito amplo e hoje o único que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa», sublinhou.
Para Savater os pais continuam a «não querer assumir qualquer autoridade», preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos «seja alegre» e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinar quase exclusivamente para os professores.
No entanto e quando os professores tentam ter esse papel disciplinador, «são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que intentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os».
«O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar», sublinha.
Os professores, afirma, não podem ser deixados sós, e a liberdade «exige um componente de disciplina» que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.
«A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara», afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, «uma oportunidade e um privilégio».
Savater explicou que é essencial perceber que as crianças hoje não são mais violentas ou mais indisciplinadas que antes, mas que hoje «têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos».
"Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia", afirmou.
Daí que mais do que reformas aos códigos legislativos ou às normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo que «mais vale dar uma palmada, no momento certo» do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, oferece outras, como suprimir privilégios, alargar os deveres ou trabalhos de casa.
Fonte: www.portugaldiario.iol.pt
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