Eu não sou diferente... Os outros é que são muito iguais.

20071012

... já era tarde.

No suplemento Weekend do Jornal de Negócios de hoje, sexta-feira, 12 de Outubro de 2007, o inefável Baptista-Bastos ("Onde estavas no 25 de Abril?!") relembra um poema delicioso de Bertolt Brecht, que o nosso BB cita - muito acertadamente - em relação ao incidente do tal sindicato de professores que preparava um protesto aquando da visita do Primeiro-Ministro à sua antiga escola, na Covilhã.
Aconselho veementemente a leitura integral desta crónica, mas deixo-vos um pequeno excerto (incluindo o poema de Brecht) para aguçar o apetite...

No mesmo dia em que o inestimável José Sócrates, primeiro-ministro e tudo, demonstrava um congestivo entusiasmo pelos valores, pelos princípios, pelos direitos humanos - nesse mesmo dia, uma brigada da "ordem" assaltava a sede do Sindicato de Professores da Região Centro e apossava-se de faixas protestatárias e de manifestos com slogans. Tudo em nome da tranquilidade social e da segurança nas ruas. Os sindicalistas preparavam uma assuada ao querido chefe de Governo, na visita deste à Escola Secundária Frei Heitor Pinto, ao que parece berço das suas segundas letras.
(...) A prevenção contra os constantes abusos da classe dirigente tem de ser cada vez mais desperta e vigilante. A prepotência destes "socialistas modernos" atinge níveis até agora nunca vistos. A intimidação é como a espada de Dâmocles sobre todos nós. Ninguém está fora deste desafio, nem deve colocar-se à margem da questão política. Recordo o poema clássico de Bertold Brecht:

Primeiro, levaram os comunistas.
Mas eu não me importei
porque não era nada comigo.
Em seguida, levaram alguns operários.
Mas a mim não me afectou
porque não sou operário.
Depois, prenderam os sindicalistas.
Mas eu não me incomodei
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir, chegou a vez
de alguns padres.
Mas como nunca fui religioso,
também não liguei.
Agora, levaram-me a mim.
E quando me apercebi
já era tarde.

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