As TIC e a avaliação docente
Só pode ser no gozo!... - Parte 2
Esta semana lá consegui fazer as apresentações em formato "ponto poderoso" nas minhas quatro turmas do sétimo ano. Eu gosto de usar e uso regularmente as TIC, tanto a nível pessoal como profissional, e acho que, como professora/passadora de cultura(s), devo promover o uso das mesmas junto dos alunos.
Com toda a celeuma que a avaliação dos professores tem vindo a gerar, principalmente junto de "treinadores de bancada" que, sem terem estado in loco, falam / desbaratam / opinam / julgam / sentenciam / executam os professores que protestam contra esta avaliação, sem conhecer minimamente a realidade docente em Portugal, imaginem só o que se passa na minha actual escola!
Antes de mais, e prescrito cegamente pelo M(in)istério da Educação (lá de cima dos seus assépticos e teoréticos gabinetes ministeriais), um dos aspectos por que passa a avaliação do (meu) desempenho docente é a utilização das TIC.
Como é algo que já faz parte do meu quotidiano, assim que tive uma matéria de Língua Inglesa de sétimo ano que se prestasse a usar suportes diferentes, nomeadamente tecnológicos (relembro que já uso um blogue para os alunos e a plataforma moodle da escola), é claro que não perdi a oportunidade de as usar.
Não pela avaliação propriamente dita, pois para uma contratada (mesmo que leccionando há catorze anos na rede pública de escolas, como eu), nesta altura do campeonato, a avaliação é uma simples formalidade (a política orçamental de contenção e redução de postos na Função Pública prevê a não entrada nos quadros nos próximos anos).
Bom, voltando às TIC na Escola. Sou então avaliada por usar ou não as ditas. E não sou tida nem achada.
Na minha escola, nós podemos usar os portáteis da e-escola nas salas de aulas. Muito bem. Vamos lá a ver se podemos fazer uma webquest... Não. Não podemos. O sinal wireless só chega a poucas salas na escola. E apenas a uma das salas das minhas quatro turmas de sétimo.
Muito bem. E se eu utilizar outro tipo de actividade? Que tal a apresentação de um slideshow sobre Types of houses e Houses of the world? Assim estaria a promover as TIC e ao mesmo tempo a alargar os horizontes e a dar a conhecer outras realidades àqueles miúdos que, provavelmente, o máximo que irão viajar na sua vida será a um país europeu (e para trabalhar, emigrando para longe do desemprego por cá). Ora nem mais! Decidi fazê-lo. Pesquisei imagens na net e construí as apresentações. Muito bem. Estava na altura de requisitar o portátil e o data show.
Tenho que ressalvar, a esta altura, que duas das minhas turmas de sétimo ano têm aula de Inglês num dia das 17h00m às 17h45m e noutro dia das 17h00 às 18h30m.
Bom, mas narrava eu a minha saga a caminho da secretaria para requisitar um dos badaladíssimos portáteis da e-escola e respectivo data show. Chego, peço para fazer as requisições para as quatro turmas, papelada para aqui e papelada para ali. Quando tenho que preencher a hora a que vou precisar dos aparelhos em duas das turmas, esbarro com a seguinte afirmação: "Mas, doutora, os portáteis têm que ser devolvidos até às 17h30m!" Fiquei estarrecida. "Porque não os requisita para uma aula noutro dia?" Tentando refazer-me do baque, pensei: mas que outro dia? nestas duas turmas a aula mais cedo é às 17h! "Ah, então não vai dar," ouvi.
Fui para casa abananada.
No dia seguinte, vai de falar com o responsável pela rede e pelo equipamento na escola. Difícil de encontrar. Mas consigo falar com ele e convencê-lo do caricato. Ficou decidido, então, que a título excepcional - repito, excepcional! - poderia usar o portátil e o data show depois das 17h30m, mas que seria a única responsável e que teria que os devolver ao órgão de gestão da escola que quase me faria o favor de ficar, portanto, a aguardar a devolução dos mesmos depois das 18h30m.
Mas consegui, e hoje, às 18h30m, quando tocou para o final da aula, fui devolver o portátil e o data show a quem de direito, que ficou à minha espera para os deixar no cofre da escola.
E quer o M(in)istério da Educação avaliar se o docente é bom profissional ou não porque usa as TIC! Muito bem, não discordo, de forma alguma, de ser um ítem dos muitos, muitos da avaliação (logo ali ao lado dos resultados dos alunos, se estes transitam de ano ou não, seja numa escola na Damaia ou no Estoril, filho-ao-abandono de toxicodependentes ou de advogados - mas isto fica para outro post!).
Mas há uma coisa fundamental que a epifânia ministra e seus secretários-de-fila se esqueceram: averiguar da existência/criação das infra-estruturas! Ou seja, uma vez mais querem omoletes sem ovos!
Neste caso, querem avaliar o sabor da omolete, mesmo que esta seja feita apenas de cascas de ovos!
Nota da autora: Não vi lá pela escola nenhum daqueles "treinadores de bancada" que, sem nunca terem pisado o relvado, ostensivamente falam / desbaratam / opinam / julgam / sentenciam / executam quem todos os dias enfrenta a realidade docente em Portugal...!
Esta semana lá consegui fazer as apresentações em formato "ponto poderoso" nas minhas quatro turmas do sétimo ano. Eu gosto de usar e uso regularmente as TIC, tanto a nível pessoal como profissional, e acho que, como professora/passadora de cultura(s), devo promover o uso das mesmas junto dos alunos.
Com toda a celeuma que a avaliação dos professores tem vindo a gerar, principalmente junto de "treinadores de bancada" que, sem terem estado in loco, falam / desbaratam / opinam / julgam / sentenciam / executam os professores que protestam contra esta avaliação, sem conhecer minimamente a realidade docente em Portugal, imaginem só o que se passa na minha actual escola!
Antes de mais, e prescrito cegamente pelo M(in)istério da Educação (lá de cima dos seus assépticos e teoréticos gabinetes ministeriais), um dos aspectos por que passa a avaliação do (meu) desempenho docente é a utilização das TIC.
Como é algo que já faz parte do meu quotidiano, assim que tive uma matéria de Língua Inglesa de sétimo ano que se prestasse a usar suportes diferentes, nomeadamente tecnológicos (relembro que já uso um blogue para os alunos e a plataforma moodle da escola), é claro que não perdi a oportunidade de as usar.
Não pela avaliação propriamente dita, pois para uma contratada (mesmo que leccionando há catorze anos na rede pública de escolas, como eu), nesta altura do campeonato, a avaliação é uma simples formalidade (a política orçamental de contenção e redução de postos na Função Pública prevê a não entrada nos quadros nos próximos anos).
Bom, voltando às TIC na Escola. Sou então avaliada por usar ou não as ditas. E não sou tida nem achada.
Na minha escola, nós podemos usar os portáteis da e-escola nas salas de aulas. Muito bem. Vamos lá a ver se podemos fazer uma webquest... Não. Não podemos. O sinal wireless só chega a poucas salas na escola. E apenas a uma das salas das minhas quatro turmas de sétimo.
Muito bem. E se eu utilizar outro tipo de actividade? Que tal a apresentação de um slideshow sobre Types of houses e Houses of the world? Assim estaria a promover as TIC e ao mesmo tempo a alargar os horizontes e a dar a conhecer outras realidades àqueles miúdos que, provavelmente, o máximo que irão viajar na sua vida será a um país europeu (e para trabalhar, emigrando para longe do desemprego por cá). Ora nem mais! Decidi fazê-lo. Pesquisei imagens na net e construí as apresentações. Muito bem. Estava na altura de requisitar o portátil e o data show.
Tenho que ressalvar, a esta altura, que duas das minhas turmas de sétimo ano têm aula de Inglês num dia das 17h00m às 17h45m e noutro dia das 17h00 às 18h30m.
Bom, mas narrava eu a minha saga a caminho da secretaria para requisitar um dos badaladíssimos portáteis da e-escola e respectivo data show. Chego, peço para fazer as requisições para as quatro turmas, papelada para aqui e papelada para ali. Quando tenho que preencher a hora a que vou precisar dos aparelhos em duas das turmas, esbarro com a seguinte afirmação: "Mas, doutora, os portáteis têm que ser devolvidos até às 17h30m!" Fiquei estarrecida. "Porque não os requisita para uma aula noutro dia?" Tentando refazer-me do baque, pensei: mas que outro dia? nestas duas turmas a aula mais cedo é às 17h! "Ah, então não vai dar," ouvi.
Fui para casa abananada.
No dia seguinte, vai de falar com o responsável pela rede e pelo equipamento na escola. Difícil de encontrar. Mas consigo falar com ele e convencê-lo do caricato. Ficou decidido, então, que a título excepcional - repito, excepcional! - poderia usar o portátil e o data show depois das 17h30m, mas que seria a única responsável e que teria que os devolver ao órgão de gestão da escola que quase me faria o favor de ficar, portanto, a aguardar a devolução dos mesmos depois das 18h30m.
Mas consegui, e hoje, às 18h30m, quando tocou para o final da aula, fui devolver o portátil e o data show a quem de direito, que ficou à minha espera para os deixar no cofre da escola.
E quer o M(in)istério da Educação avaliar se o docente é bom profissional ou não porque usa as TIC! Muito bem, não discordo, de forma alguma, de ser um ítem dos muitos, muitos da avaliação (logo ali ao lado dos resultados dos alunos, se estes transitam de ano ou não, seja numa escola na Damaia ou no Estoril, filho-ao-abandono de toxicodependentes ou de advogados - mas isto fica para outro post!).
Mas há uma coisa fundamental que a epifânia ministra e seus secretários-de-fila se esqueceram: averiguar da existência/criação das infra-estruturas! Ou seja, uma vez mais querem omoletes sem ovos!
Neste caso, querem avaliar o sabor da omolete, mesmo que esta seja feita apenas de cascas de ovos!
Nota da autora: Não vi lá pela escola nenhum daqueles "treinadores de bancada" que, sem nunca terem pisado o relvado, ostensivamente falam / desbaratam / opinam / julgam / sentenciam / executam quem todos os dias enfrenta a realidade docente em Portugal...!
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