A rapariga que sonhava com um bolo de cenoura e natas e 38 velas
Logo hoje, que não tive tempo para nada.
E, na formação, fizemos exercícios de escrita criativa. Um texto livre em tempo real sobre Adagio para cordas, op. 11 de Barber. Foi isto que saiu:
De regresso a casa, as rosas do maridinho. Bolo? Fica para o fim-de-semana. ;)O véu cobria-lhe parte do rosto. As linhas duras entorpeciam as feições outrora jovens e cálidas. A caixa, rectangular, sobre um pedestal, imóvel, era o centro da sala. O torpor nas mãos. O gelo que se erguia arrebatando-a pela base. E os pés. Brancos. Frios. Presos ao chão. O momento cristalizava-lhe a vontade. À medida que o vazio escalava o seu corpo, esbelto e cansado, as palavras começavam a rarear, como que agrilhoadas pelo esforço que fazia para respirar. O ar pesado, agora demasiado pesado, transbordava o esforço vão. Algo a prendia. A inundava. Tentou articular uma palavra, um som, mas nada. Sobre ela uma pressão incorpórea. Desespero. O peso do mundo. De novo, um golfejo. Ar. Ar. Mas não. O azul tornava-se cada vez mais azul. O sol cada vez menos sol. E o frio... O frio gélido que lhe empedernia o corpo. O frio azul. De novo separou os lábios para falar. Mas nada. A voz embargada, sem respiração. E morreu ali. Aproximou-se, por fim; beijou derradeiramente a sua mãe, puxou o véu sobre o rosto e fechou a tampa.
5 comentários:
Mórbido. Mas belo. Bem escrito como seria de esperar. :)
Bolo de cenoura sem natas já me parece muito bem, com natas parece-me melhor ainda. :D Bom proveito no fim-de-semana!
Beijo de Parabéns!
Olá amiga, já nos conhecemos da SDP. Muitos parabéns e muitas felicidades. Bjs
Esatámos todos com muitas saudades tuas na SDP. Raul Nunes
Olá!!!
Não partilhaste este teu
"cafézinho" :-))
Gostava de te ter feito o bolo de cenoura (sem natas), q tb adoro.
Aparece na SDP, pq há por lá parabéns sem dono e saudades perdidas...
beijos
Olá! Por aqui? ;) Obrigada e beijinhos a todos! *****************************
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